Este dado foi tornado público no final da última época agrícola e denuncia um passo significativo para a garantia da suficiência alimentar para os mais de cinco mil habitantes da ilha.
Em parte, este resultado foi possíveis graças ao trabalho conjugado de intensificação da prática agrícola levado a cabo por técnicos e engenheiros agrônomos da Universidade Eduardo Mondlane, de modo a multiplicar os ganhos nas pequenas porções de terra que os agricultores detêm. 
"Viemos em Janeiro com os estudantes, andamos por todas as zonas e fizemos um levantamento mais exaustivo. Falamos com os agricultores, arrolamos os problemas mas também demos um treinamento parcial sobre como produzir culturas e melhor manusear os solos", avançou o Eng. João Nuvunga, da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da UEM. 

Este trabalho foi desenvolvido tomando em consideração as especificidades da Ilha que exige uma intervenção sustentável, por ser uma zona de proteção sob os cuidados da UEM desde o período pós-colonial. 
Por sua vez, Evaristo Mondlane, da Direcção de Agricultura e Segurança Alimentar da Cidade de Maputo, afirmou que em função das constatações retiradas desde a primeira intervenção da equipa de especialistas da UEM naquele ponto do país, combinado com o envolvimento dos técnicos do Governo Provincial, o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar através da Direcção da Cidade, irá moldar directrizes de trabalho junto dos agricultores, para continuar a garantir campanhas agrícolas de sucesso.
"Na época passada, Inhaca obteve altas taxas de produção em relação aos outros anos. A produção ultrapassou as metas devido a intervenção dos técnicos e ao trabalho do único extencionista que temos aqui e que dificilmente conseguiria responder sozinho a demanda. O técnico foi colocado para assistir os agricultores e perpetuar, mas de forma sustentável, as boas práticas de cultivo", disse Mondlane.
Estes altos níveis de produção cobrem em grande medida as necessidades de consumo e comercialização do distrito municipal de Kanyaka, possibilitando maior oferta e consequentemente a redução dos preços altos praticados pelo facto de a ilha depender dos produtos adquiridos na cidade de Maputo e transportados via marítima pelos revendedores.
O processo de intervenção ao nível da agricultura tende a atingir maior abrangência, tendo na última missão sido estabelecidos com os agricultores campos-piloto em todos os bairros de Inhaca, onde foram abrangidos mais de 20 campos de cultivo.
"A estratégia adoptada foi trabalhar por bairros e com os grupos focais. Estes, por sua vez, farão a réplica do que aprenderam nos campos de demostração para os outros. E nós fazemos o monitoramento periódico".
Cada indivíduo beneficiou de treinamento personalizado para a preparação de alfobres, adubação, técnicas de plantio, bem como no uso e manuseio de sementes melhoradas. 
Foi também feita a identificação da forma como os agricultores preparam os seus alfobres e foi constatado que os mesmos obedecem os procedimentos para o correcto preparo da "cama de sementeira", contudo falham na sementeira pois esta é feita a lanço, o que leva a gastos desnecessário de sementes e falhas na densidade da plantação.
Feitas as correções necessárias e introduzidas outras técnicas e práticas, Nuvunga avança que para melhores resultados é necessário um trabalho continuado.
"O próximo passo é monitorar o que vem sendo ensinado e trazer técnicas complementares para o controle de pragas e doenças usando substratos produzidos à base de materiais locais. Este é um dos grandes desafios porque a produção e a produtividade depende muito de como os agricultores controlam as pragas e doenças e de como fazem o manuseio do solo", concluiu.
Em Moçambique, a agricultura continua a ser uma das principais actividades de subsistência. Entretanto, mesmo possuindo 35 milhões de hectares de terra arável, o país somente faz uso de 15 por cento.

 

 

Fonte: www.uem.mz